Em meio ao processo de Acordo Coletivo de Trabalho para o período 2011/2012 da Copel surge a verdadeira face da negociação: na quinta feira, dia 03 de novembro, um vídeo chega aos empregados e é publicado na Internet. Nele, a Diretora de Gestão Corporativa Yara Eisenbach, diz aos trabalhadores que “o trabalho é mais produtivo quando as pessoas são felizes” e que a proposta que a empresa apresentou é final, ”séria” e diferente do visto em anos anteriores, nos quais ocorriam procedimentos que ela chamou de “barganhas” entre os sindicatos e diretorias anteriores, insinuando inclusive a existência de ”cartas na manga” no processo negocial. Acusações sérias, pesadas e que visam minar o movimento sindical, além de desqualificar a própria empresa perante a sociedade, o mercado e os próprios acionistas.
Esse vídeo chegou ao conhecimento do público em meio às assembleias para avaliação da proposta pelos trabalhadores. É importante que se diga que nas assembleias realizadas até a divulgação do vídeo, a resposta geral era a rejeição da proposta da empresa. Após a intervenção da diretora, verificou-se um aumento na aceitação dos termos da empresa, inclusive com a aprovação por algumas entidades sindicais. Outra constatação interessante é que o vídeo foi veiculado após a aprovação da proposta pelos sindicatos ditos diferenciados, que inicialmente participaram das negociações em conjunto com os sindicatos majoritários.
A estratégia percebida ao longo de toda a condução do ACT foi a da dissensão, da provocação e da confusão pelo cansaço: desde o início, com a demora em marcar as negociações; na falta de dados claros e de argumentos por parte da empresa ao negar a maior parte das reivindicações dos empregados; e agora na intimidação dos trabalhadores, por meio de terrorismo verbal via internet, com uma diretora se prestando ao papel de denegrir entidades legítimas de representação dos empregados e até mesmo a própria empresa.
A atitude demonstrada não é isolada: prova disso são as muitas demissões sem justa causa na Copel; é o fato de que, cada vez mais, questões pessoais surgem no relacionamento entre empresa e empregados; é que a distancia se acentua, com uma diretoria que recusa o diálogo.
A proposta dita “final e séria” da empresa baseia-se em aumentos já aplicados nos salários dos empregados em virtude de um Plano de Cargos implantado neste ano. A realidade é que estes aumentos são ajustes há muito tempo necessários para adequação ao mercado, suprindo defasagens existentes na folha, e não representa aumento real; este é o entendimento dos sindicatos, do Dieese e da maioria dos eletricitários que disseram não ao que empresa propôs.
Os sindicatos representativos dos empregados da Copel estão, neste momento, lutando por mais qualidade para os trabalhadores, por bons serviços à sociedade e, principalmente, pela manutenção da democracia. As atitudes da diretoria serão alvo de denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho e de representação formal na OIT, Organização Internacional do Trabalho, além das medidas judiciais cabíveis.